Tuesday, December 16, 2008

A Painting...

         O rio agita-se em pequenas ondas como um mar frenético. Pequenas gaivotas juntam-se no meio permanecendo manchas brancas, imóveis perante a corrente como que ancoradas no fundo. Um sobe e desce contínuo mantém-las no seu lugar.
         A chuva deita-se mansinho e só um vento esporádico a fustiga atirando-a veloz pelo ar.
         A erva de um verde lânguido afasta-se de quando em vez, descobrindo pequenas poças de água, fazendo o chão parecer uma manta em renda.
         Numa das margens, um casal com 2 filhos escondem-se debaixo dos seus chapéus de chuva empregando passadas apressadas. As crianças saltam sobre as poças... ou talvez para as poças... sobre o olhar de indiferença fingida dos pais. Um pequeno barco atracado cambaleia nauseado, ameaçando desprender-se e deixar-se ir com a correnteza.
         Na outra margem, a cidade parece adormecida sobre este manto de cinza húmido e só o fumo que espreita das chaminés parece indiciar sinal de vida... tudo imóvel e esquecido.... o cheiro... o calor... o cheiro à lenha que alimenta as chamas percorre o ar... pinho, eucalipto, oliveira, cedro talvez...
         E na janela onde emerge este quadro, ondas de calor da lareira no canto desenham uma cortina branca... o silêncio de casa desfruta a agradável mistura de frio, quente e paisagem...

Thursday, December 11, 2008

Poisoning myself...

Sinto o veneno percorrer-me as veias, caustico, ardente, corrompendo-me no silêncio com que se entranha... angústia, revolta, desânimo, cólera alguns lhe chamam... mas para mim e veneno... apenas veneno... não que mate... não que magoe... apenas me torna duro, áspero e frio como um diamante em bruto...

... mas às vezes a Vida é mais dura do que se previra...

Thursday, December 04, 2008

...maybe...


... tentei parar de escrever... parti a pena, queimei o papel... mas as palavras ciselam-se na memória e os pensamentos transbordam em torrentes incessantes... até o silêncio parece ganhar voz... até o vazio parece ganhar forma... e as letras desenham-se a elas próprias como que impelidas por vida própria...

... talvez volte a este meu canto...