Thursday, September 28, 2006

Self Killing...

lentamente enterrou a sua mão no peito, fechou os olhos por momentos e num só golpe, arrancou o seu coração...
... olhou para ele... batia descompassado pela dor, pelo medo... os seus olhos brilhavam iluminados pelas lágrimas que teimavam em se desprender... mas conteve o choro... não ia chorar... não podia... não era hora para vacilar... sabia o que tinha a fazer e não lhe restava outra alternativa... tinha mesmo que ser feito e por ele...
... segurou o seu coração numa mão, ergueu a outra onde segurava um pequeno punhal e num só gesto desferiu o golpe... sentiu a dor atroz do seu acto, quis gritar, quis chorar, mas com um esforço quase sobre-humano impediu-se de o fazer...
o sangue escorria-lhe das mãos... o seu próprio sangue... do seu próprio coração... viu-o bater lento... cada vez mais lento... até ficar sem vida...
olhava para ele ali inanimado, na sua mão, fingindo frieza... estava feito... tinha cumprido o seu destino... doía muito, mas essa dor é para ser quardada para sempre, mantida por perto... é o preço a pagar pela ousadia de um passado recente... sabia que no mundo em que se movia já não havia lugar para aquele coração, para o que ele sentia, para o que o fazia bater mais forte e nada mais havia a fazer senão eliminá-lo para que não voltasse a ousar...
... estava feito... mas não ia sentir pena... não ia sentir tristeza... não ia lamentar... não ia chorar por ele... não podia... não queria... deixou-se cair de joelhos largando por terra o coração e o punhal... acabava de matar uma parte de si... aquela parte que o fizera sentir-se pessoa... que o fizera sentir-se vivo... que o fizera sentir-se preenchido... e no seu lugar só irá deixar o vazio e a recordação... nada mais... nada mais quer lá colocar...
... sabe que nada voltará a ser igual... que só lhe resta esperar... esperar que o tempo passe e lhe mostre novos caminhos a percorrer... afinal, às vezes quando se ganha perde-se e às vezes quando se perde ganha-se... e ele perdeu... sabe que desta vez perdeu...

Wednesday, September 27, 2006

"... the heart dies... a slow death... sharing each hope like leaves... until someday there's none... no hopes... nothing remains..."
In: memories of a Geisha

Thursday, September 21, 2006

À janela...

na janela, em cujo parapeito me sento olho o horizonte, observo a fina linha em que tudo se converte, percorro os caminhos do nada, viajo por um espaço onde habita a solidão e a saudade reina...
...nada se move à minha volta... o vento não sopra, as nuvens não seguem o seu caminho, nada se mexe... só o tempo calcorreia os seus trilhos incólume e impiedoso...só o silêncio se faz ouvir nos seus murmúrios inquietos...
cigarros acendem-se uns aos outros, consumindo-se no cinzeiro, libertando uma fina lamina de branco veludo que se desprende lentamente rumo ao vazio...
seguro nas mão pedacinhos de alguém, manchas de tinta em papel esculpidas, palavras que não leio...
...de fundo, um piano e violino abraçam-se chorando um “Nocturno” nostálgico que me embala, avivando memórias guardadas, dores mitigadas, sofrimento devoto... passado, presente... alegrias de outrora em recordações transformadas...
...procuro respostas para as perguntas que ainda não fiz... procuro caminhos que me levem a algum lado... espero pelo que nunca chegará... mas nada desponta neste canto em que me encerro... nada...

Pedra do Tempo...

há pessoas que se lembram de cada uma... enfim... mas ñ deixa de ser engraçado...

Monday, September 18, 2006

Recomeçar...

Um toque do telemóvel... uma mensagem escrita... "Aposte na sua formação." assim começava...
Um anúncio há dias esperado chega finalmente, uma resposta positiva... surpreendente...
... será o começo de uma nova etapa, o percorrer de uma estrada já outrora palmilhada, mas agora noutra faixa...
...talvez seja um passaporte para lugar incerto... talvez seja um caminho para um beco sem saída...talvez seja apenas mais um devaneio, que em nada mais se tornará que uma possibilidade, uma miragem...
...o coração acelera, o estômago constringe-se... medo mistura-se com ansiedade... medo de não ser capaz, medo de falhar, medo do desconhecido... mas a vontade de tentar é mais forte, a vontade de «auto-superar-se»... é mais uma luta... e até pode mesmo ser uma guerra perdida... mas ñ há lugar para arrependimento por ñ se tentar... só resta batalhar...
...é um desafio... mas afinal a componente profissional sempre foi a parte da Vida mais fácil de orientar...

(pois é... Universidade... aqui vou eu de novo...)

Saturday, September 16, 2006

Sonho Vago

Um sonho alado que nasceu num instante,
Erguido ao alto em horas de demência...
Gotas de água que tombam em cadência
Na minh'alma tristíssima, distante...

Onde está ele o Desejado? O Infante?
O que há-de vir e amar-me em doida ardência?
O das horas de mágoa e penitência?
O Principe Encantado? O Eleito? o Amante?

E neste sonho eu já nem sei quem sou...
O brando marulhar dum longo beijo
Que não chegou a dar-se e que passou...

Um fogo-fátuo rútilo, talvez...
E eu ando a procurar-te e já te vejo!...
E tu já me encontraste e não me vês!...
(Florbela Espanca)

[... porque às vezes, na falta de palavras nossas, nos revemos nas dos outros...]

Friday, September 15, 2006

It's rainning

a chuva cai... espalhando cinza no ar... fico no meu canto, olhando... só olhando.. . e sentindo... sentindo os pensamentos inquietos que se agitam em mim... os sentimentos, as emoções que escondo por detrás do sorriso (mas agora ninguém vê)... sinto-me sozinho... não quero estar só... mas recuso todas as companhias que surgem... não quero estar aqui, mas em mais lugar algum posso estar... sei para onde quero ir, mas não como lá chegar...a chuva cai... alheia a mim, alheia à minha vontade... apetece-me chorar lágrimas que já não consigo, não porque não as sinta, mas porque a dor há muito as foi secando... lentamente... desejo que cada gota me levasse a dor... desejo que cada gota me levasse a mágoa , o sofrimento... desejo poder fazer mais do que desejar... mas não posso... resta-me ficar aqui encolhido no meu canto enquanto a chuva cai espalhando cinza no ar... talvez amanhã faça Sol... talvez...

Tuesday, September 12, 2006

Escolhas...

Na Vida há tão poucas coisas que realmente possamos escolher e essas são aquelas que habitualmente desperdiçamos......vivemos apelando por Liberdade... queremos opções... ansiamos poder... mas com o poder vem a responsabilidade e quando podemos escolher, quando nos colocam nas mãos as decisões, muitas vezes preferimos a inércia... escondermo-nos num canto sombrio e esperarmos que alguém decida por nós, ou que simplesmente o tempo se encarregue de que ñ seja preciso... vivemos subjugados pelo medo de tentar e falhar... quando o maior fracasso é desistir antes da luta... enfim... as pessoas são tendencialmente complicadas... (será covardia ingénua?... hipocrisia inocente?... ?...)

Sunday, September 10, 2006

Preso...

sinto-me preso... numa teia que não construí... mas que não impedi que crescesse e me envolvesse...
...tantas dúvidas, inseguranças, tantas perguntas por responder, palavras não ditas, respostas por encontrar me mtêm cativo neste emaranhado...
...sonhos não vividos, desejos não alcançados, ambições não cumpridas, paixão não reclamada, amor subjugado... tudo se conjuga num fogo sem sustento cuja chama me consome lentamente...
...pensamento inquietos contorcem-me a alma... o tempo estreita-se ao meu redor...
... tento-me soltar, mas a Vida laça-me sufocante, num nó górdio que se aperta cada vez mais... pereço se não resisto... magoo-me se luto...

Saturday, September 09, 2006

Unspoken Words...

... há palavras que nunca disse... mesmo com a certeza de o querer fazer...
... escondi-as atrás de gestos inseguros, olhares vagos, silêncios forçados... aprisionei-as num canto secreto Meu... agrilhoei-as... amordacei-as... tentei silenciá-las, imobilizá-las... mas em vão...
...ouço os seus gritos ecoantes retumbando na minha cabeça... contorcem-se dentro de mim... provocam-me dor... impiedosas, anseiam a liberdade....
...porque as sinto cruéis, quando as abracei doces?... porque as sinto destruidoras, quando as vi belas?... porque angustiam quando, as senti felizes?... porque as mantenho cativas, quando as deveria aclamar aos 4 ventos?...
...há palavras que nunca disse e que esperam... incessantes... pelo momento certo... mas será que ele chegará?...
Com o sabonete humedecido escreve no espelho.
Desculpa Luís. Não fui capaz.
Amo-te !

Cambaleante, tira a última peça de roupa e enfia-se dentro de água.
Fecha os olhos. Imagina Deus á sua espera no último degrau de qualquer coisa para lá da imensidão do azul.

"Até quanto terei de contar para lá chegar?"

Deixa-se escorregar, as pernas dobradas, até ficar com a cabeça submersa. O sono descia com ele ao mesmo tempo que contava.
Um, dois, três, quatro, cinco, seis, sete, oito, nove, dez, onze...
As suas últimas palavras são líquidas e vão para a mãe:

" O meu amor por ti causou-me um dano irremediável. O meu coração lembra-se da água com que me agasalhas-te do balançar do teu corpo. Poderia ter dormido para sempre dentro de ti."

Dizendo isto, adormece no sono mais profundo. Finalmente está livre de qualquer atentado...

In: “Os Sinais do Medo”; Ana Zanatti)

Friday, September 08, 2006

Tarde de praia...

Ocupando 160 cm2 de vastidão, perdido entre o tudo e o nada, decido observar o ambiente à minha volta... bad idea ...
Olho para o lado: um casal beija-se, esfrega-se e «percorrem-se com as mãos» como se o mundo acabasse amanhã e só eles importassem...
("espero que não se sufoquem um ao outro!”)

Olho para o outro: um grupinho, onde alguém discretamente enrola um charro que partilham entre si como o cálice da Última Ceia...
(“Tomai todos e Fumai!... bem... pelo menos é mais divertido que há 20 séculos atrás!...”)

Olho para trás: uma tradicional família convive animadamente (ou +/-); Pais, Filhos e Canito...
(“Ou seria Pais, Canito e Filhos... não percebi a hierarquia!”)

Olho para a frente: uma pitas guincham e riem histéricas ao aproximar das ondas...
(“Não parecem gritos de dor... devem ter água fria pela cintura!...”)

Olho em redor mais uma vez vendo o quadro geral... wow... de repente sinto que estou na pintura errada... vou embora...
(“Também... já estava mmo a ficar frio...”)

Thursday, September 07, 2006

Dá que pensar... ou não...

"O pior cego é aquele que não quer ver...
...que não quer comer, que não que trabalhar, enfim, que não quer fazer porra nenhuma!"

"Mata-te a estudar...
...e serás uma cadáver culto!"

"Não sou um completo inútil...
...ao menos sirvo de mau exemplo!"

"O importante não é saber...
... mas ter o telefone de quem sabe!"

"Não leves a Vida tão a sério...
... afinal ninguem sairá vivo dela!"

"Deixei a bebida...
... o mal é que não me lembro onde!"

"Existe um mundo melhor...
... só que é mais caro!"

"Dizem que o trabalho não mata...
... mas será que vale a pena arriscar?"

"Há duas palavras que abrem muitas portas...
... são PUXEM e EMPURREM!"

Wednesday, September 06, 2006

que nem uns mouros...

para que o patrao não reclame, trabalha com afinco (afinal é apenas uma questão de perspectiva... eheheh...)

Tuesday, September 05, 2006

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha

Se tu viesses ver-me hoje à tardinha,
A essa hora dos mágicos cansaços,
Quando a noite de manso se avizinha,
E me prendesses toda nos teus braços...

Quando me lembra: esse sabor que tinha
A tua boca... o eco dos teus passos...
O teu riso de fonte... os teus abraços...
Os teus beijos... a tua mão na minha...

Se tu viesses quando, linda e louca,
Traça as linhas dulcíssimas dum beijo
E é de seda vermelha e canta e ri

E é como um cravo ao sol a minha boca...
Quando os olhos se me cerram de desejo...
E os meus braços se estendem para ti...
(Florbela Espanca)

(segundo me constou, foi o último poema escrito antes do suicídio...
...não deixa e ser uma bonita mensagem de desespero...)

Monday, September 04, 2006

... há dias em que a primeira coisa que devia fazer após me levantar da cama, era voltar a deitar-me e dormir até que o novo dia viesse...

today's mood

No words needed...

"moving sand"

Sometimes I feel as if my life was a “moving sand”...
... the more I try to move, the more I sink...
... the more I try to fight, the more I lose...
... the more I try to make things happen, the more they escape from me, like sand grains between fingers...
... the more I do nothing, the more things happen just the same way...

Maybe I haven’t conquered the right to dry land yet....

Saturday, September 02, 2006

devaneio às 5 AM

sinto-me a rodopiar... o corpo leve, os braços abertos, a cabeça inclinada pa trás, a mente vazia... os pés flutuam no chão enquanto rodopio estonteante...
imagens desfocadas sucedem-se... sons distorcidos... luzes... cores... tudo gira à minha volta...
risos... nos sons abafados ouço risos... rio também... liberto-me da minha carnalidade mortal... já não sou feito de matéria sólida... sou livre... sinto-me livre... sinto-me eterno... sinto-me bem...

[ok... vamos esquecer isto... foi só um pequeno devaneio em horário laboral... (e ñ, ñ tomei cenas estranhas...)]

Friday, September 01, 2006

Só...

hoje sinto-me só... hoje, ontem, anteontem, provavelmente amanhã e no dia a seguir... não sei... olho à volta... 1, 2, 3, 4.. 6...10... conto as pessoas... muitas... estou rodeado de gente... rostos... são só rostos... alguns conhecidos, que me soam tão conhecidos quanto os estranhos rostos dos que não conheço... outros completamente alheios... uns que sorriem... outros que dormem... outros que me olham enquanto articulam palavras que pareço ouvir à distância... mas todos rostos... apenas isso – rostos... nenhum deles capaz de mudar o vazio que sinto... nem um só...

prefacio

...so this is it... the beginning of the beginning... i never thought to be doing it... and i’m not sure to be able to do it... but even fearing the deception, i’ll try to give my best... cause that what fears are for (even small ones), to give us a chance to improve ourselves... and so, my “daydream” begins…
...Thank you for challenging me....