daydream

Velo-te o sono, numa insónia delirante,
Esperando que o tempo se comova
E pare nesse instante de um sonho acordado.
Embalo-me na tua respiração,
Como numa canção primaveril sussurrada pelo Vento.
Murmuro-te ao ouvido...
         ... não ouves?...
Toco-te levemente a medo...
         ... não sentes?...
Transpiras um brilho que me ilumina,
Uma luz que me aconchega e refastela.
O desejo desperta!...
E fecho os olhos no beijo que não demos,
E prendo o momento com finas teias do luar que te ilumina.
Mas a madrugada acorda-me de rompante
...olho para o lado e tu não estás lá...
... mas o teu cheiro... ainda o sinto...

" Só temos um Futuro e é feito a partir do nossos Sonhos, se tivermos coragem para desafiar as convenções!"
(Alec Issigonis)


(e está tudo dito...)

...ciclo...

A Vida realmente é um ciclo... não porque se renove, mas porque me faz andar sempre em volta... é como remar num barco com um remo só de um lado... sai-se efectivamente do sítio... mas acaba-se onde se começou...
...fucking life...

... fate...

há coisas que nunca mudarão... serão eternamente iguais a si mesmas , enquanto a sua própria natureza não as fizer mudar...
... não é porque reme contra a corrente que o rio mudará o seu curso...
... não é porque goste do dia, que não tenho que viver a noite...
... não é porque queira sentir o calor da luz, que não tenho que suportar o frio da escuridão...
... não é porque esteja em lutas constantes, que as batalhas serão mais fáceis...
... não é porque chore que a dor será menor...
... não é porque a vida me fuja que o tempo esperará por mim...
... não é porque acredite no impossível que ele se tornará realidade...
que fazer então??... continuar em guerras perdidas?... desistir, vivendo o consolo da resignação à fortuna ignóbil que a Vida destinou? ... fingir que tudo é melhor esperando que pela crença, a mentira a se converta em verdade?... esperar passivamente que o destino por fim se cumpra?...

“Noite após noite falo-te... amo-te sem que o saibas;
posso tocar-te sem sentires sequer a minha presença;
posso estar sem estar.
Trago a cinza das horas nos cabelos
e os dias da paixão onde não há dias nenhuns.”

(Al Berto, In "Lunário")